02 setembro 2025

Como Forjar um Partido Bolchevique*

 Ossip Piatnitsky



As formas bolcheviques e social-democratas de organização do Partido

     Até 1905 não houve na Rússia czarista eleições nem campanha eleitoral. Nem os camponeses nem os operários participavam das eleições dos zemstvos ou das municipalidades urbanas. Não possuíam o direito de voto. Depois de 1905, quando, em razão das eleições para a Duma se elaboraram condições especiais para os operários, foram criadas divisões especiais e os operários votavam por empresa e por fábrica.

     Uma situação ilegal de todos os partidos até 1905, uma ausência de campanhas eleitorais e ao mesmo tempo (o qual é essencial) uma posição justa dos bolcheviques na questão da organização do Partido (o recrutamento para o Partido de operários de fábricas e de empresas, a criação de círculos de estudos políticos e gerais, tais foram na Rússia czarista as particularidades da formação do Partido bolchevique. A situação ilegal do Partido bolchevique, além das razões já mencionadas, o impulsionava a criar os grupos do Partido nas empresas, pelo fato de que era mais fácil e cômodo militar. A edificação do Partido começou, pois, nas fábricas e nas empresas. Isso deu brilhantes resultados, tanto nos anos de reação e depois da revolução de fevereiro como, particularmente, no curso da revolução de outubro, em 1917, da guerra civil e da grande construção do socialismo.

     Durante a reação, depois de 1908, quando os comitês locais do Partido e sua direção (o Comitê Central) eram aniquilados periodicamente, nem por isso sua base deixava de se manter firme nas fábricas e empresas. As células do Partido continuavam a ação. Depois da revolução de fevereiro, as eleições dos sovietes de deputados operários também eram realizadas por fábrica e por empresa. É importante destacar que as eleições para as dumas das cidades e bairros e para a Assembleia Constituinte tinham lugar não por empresa, mas por domicílio dos eleitores. Mesmo assim, depois das revoluções de fevereiro e de outubro o Partido bolchevique obteve os mesmos êxitos apesar de não ter organizações de bairro e de concentrar sua agitação nas empresas e nos quartéis. As células, os comitês de zona, e os comitês de cidade fizeram a campanha eleitoral sem constituir organizações especiais para as eleições por bairro. O Partido Bolchevique sempre tinha suas organizações de base no local de trabalho de seus membros.

23 agosto 2025

Sobre o direito das nações à autodeterminação

Lenin
08/1915

"Não pode ser livre um povo que oprime outros povos" (Marx e Engels). Não pode ser socialista um proletariado que admite a mínima violência da "sua" nação sobre outras nações.
 



A mistificação mais comum do povo pela burguesia na presente guerra é o encobrimento dos seus objetivos de pilhagem com a ideologia da "libertação nacional". Os ingleses prometem a liberdade à Bélgica, os alemães à Polônia, etc. Na realidade, como vimos, esta é uma guerra entre os opressores da maioria das nações do mundo pelo reforço e o alargamento dessa opressão.

Os socialistas não podem alcançar o seu grande objetivo sem lutar contra toda a opressão das nações. Por isso eles devem obrigatoriamente exigir que os partidos sociais-democratas dos países opressores (particularmente das chamadas "grandes" potências) reconheçam e defendam o direito das nações oprimidas à autodeterminação, e precisamente no sentido político da palavra, isto é, o direito à separação política. Um socialista de uma nação que seja uma grande potência ou possua colônias que não defende esse direito é um chauvinista.

31 julho 2025

Camarada Almir Fernandes, presente!


Almir Fernandes, o primeiro à esquerda, inauguração do Centro Cultural Octavio Brandão, 2003.

Faleceu, no dia 12 de julho, aos 65 anos, de causas naturais, nosso camarada Almir Fernandes, deixando esposa, filhos e netos. 

Almir iniciou sua militância participando das lutas dos funcionários da Light, empresa onde trabalhava. Filiado ao então Sindicato dos Eletricitários e Gasistas, atuou em todas as grandes mobilizações da categoria a partir da greve de 1984. Sua presença ativa em assembleias, piquetes e nos comandos de greve ficaram registradas na memória dos seus companheiros. Nessa época, ingressou na Convergência Socialista e depois no PSTU, partido com o qual romperia no final dos anos noventa.

Demitido após a privatização da Light, Almir abraçou a carreira de professor. Aprovado no concurso público, passou a atuar nas lutas da sua nova categoria, junto ao Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação (SEPE-RJ). Reconhecido por alunos e colegas professores pela sua dedicação e liderança, Almir foi eleito diretor de escola. Prestes a se aposentar, nosso camarada enfrentava mais uma luta, desta vez contra as protelações e exigências descabidas no seu processo de aposentadoria.

Mas o vascaíno Almir não esmorecia facilmente, seguia firme nas suas convicções antirracistas e revolucionárias. Mesmo  nos últimos anos enfrentando problemas de saúde, ele militava conosco no CCP, panfletava o boletim "Papo Reto", debatia nas reuniões sobre a necessidade, dificuldade e possibilidade de construirmos a ferramenta essencial para a revolução socialista: um  partido comunista proletário.

Honrando sempre todos os combatentes pela revolução proletária, seguiremos na luta camarada Almir Fernandes!