15 outubro 2025

Palestina. Declaração Conjunta das Organizações da Resistência

15/10/2025

Hamas, Jihad Islâmica Palestina e Frente Popular para a Libertação da Palestina: Rejeitamos veementemente qualquer tutela estrangeira sobre Gaza.



Ó nosso nobre povo palestino:

Em vista do anúncio da primeira fase do acordo para interromper e pôr fim à guerra de genocídio e das negociações maratonas que as organizações empreenderam para alcançar essa conquista nacional, as três organizações estendem uma saudação de honra e reverência às massas do nosso grande povo, especialmente ao nosso povo na Faixa de Gaza, que enfrentou os crimes sionistas mais atrozes com firmeza e determinação lendárias.

Saudamos também todos os mártires e prisioneiros, suas famílias, as famílias dos desaparecidos e todas as crianças, mães, jovens, idosos e pessoas deslocadas que permaneceram firmes em suas terras, apesar das tragédias, do genocídio, da fome, dos massacres, do sofrimento do deslocamento e das agonias de viver em meio à destruição dos elementos básicos da vida cotidiana. Afirmamos que sua firmeza é um símbolo vivo da vontade e da determinação inabalável do nosso povo, e a prova de que sua vontade é mais forte do que qualquer máquina sionista de destruição.

A resiliência dos combatentes da resistência e de todo o nosso povo, incluindo equipes médicas, de ambulância e de defesa civil, jornalistas, deslocados e outros, frustrou os planos de deslocamento e desenraizamento e registrou uma lição imortal de firmeza e desafio que permanecerá gravada nas páginas mais brilhantes da história palestina. As cenas de tirar o fôlego dos nossos deslocados retornando à Cidade de Gaza e as aglomerações em suas ruas, acampamentos e becos destruídos são nada menos que a personificação da vontade de um povo que rejeita a migração forçada e insiste em retornar e viver em sua terra, apesar da imensa destruição.

01 outubro 2025

Manifesto do Encontro Comunista



                         Encontro Comunista

Reconstruir o movimento comunista no Brasil inserido na classe, com independência proletária e em luta sem trégua contra o capitalismo, as potências imperialistas e o oportunismo!

Um conjunto de coletivos, organizações e militantes comunistas vem debatendo e trocando experiências com o objetivo de contribuir para pavimentar o caminho da luta revolucionária no Brasil, sob a firme perspectiva dos interesses e princípios proletários.  

O compromisso principal assumido pelos participantes do Encontro Comunista é o empenho coletivo para a construção de um campo revolucionário, sem hegemonismos, autoproclamações, formalismos ou decisões administrativas, mas enraizado na classe operária e em luta junto a ela. Para isso, o estabelecimento de princípios, em nítida demarcação política contra o oportunismo que corrói a luta proletária, é fundamental, apesar de sabermos que estes só se tornarão realidade se formos capazes de colocá-los em prática. 

Como resultado de nosso debate, decidimos consensualmente construir pontos de unidade para avançarmos o debate franco, aberto, paciente e respeitoso, não apenas entre nós mas com aqueles que se identifiquem com nossos objetivos principais, entre os quais a aproximação de nossas práticas e o aprofundamento de nossa compreensão e atuação na luta de classes, a partir de unidade de ação.  

Temos ciência de que o Encontro Comunista que resultou nos princípios a que chegamos a consenso é modesto, do ponto de vista do peso político, e que será fundamental buscar o diálogo com mais organizações, coletivos e militantes comunistas em nosso país que considerem os princípios gerais a que chegamos até o momento, um primeiro passo para contribuir na construção de um campo revolucionário.

Nossa iniciativa e nosso convite ao debate e à luta comum se dão em um dos momentos mais dramáticos das últimas décadas, tanto na esfera internacional - levando em conta a escalada das contradições e disputas interimperialistas, sob risco iminente de guerras regionais e mundiais - como no âmbito nacional, numa conjuntura marcada por intensas disputas interburguesas, uma ofensiva contra as classes trabalhadoras e uma degeneração prática e ideológica da maioria das organizações que se declaram de esquerda, ou até mesmo comunistas, e do movimento de massas em geral, além da falta de debate e de unidade de ação das forças efetivamente revolucionárias. 

Mas apesar dessa atual correlação de forças desfavorável, acreditamos que somente com a construção de um campo revolucionário comprometido e inserido na classe operária, as lutas populares e proletárias alcançarão conquistas e acumularão forças para a derrota do seu inimigo de classe e derrubada do capitalismo. Levantar a bandeira vermelha da luta proletária, contra a burguesia, seus governos, e todos os países imperialistas, sem ilusões, eis nossa tarefa fundamental!   

Assim sendo, submetemos esses princípios à apreciação dos que se identifiquem com os objetivos e fundamentos desta iniciativa, para avançarmos em nosso próprio debate e darmos partida a essa iniciativa, ou seja, a retomada de um instrumento revolucionário a serviço do proletariado no Brasil, rumo à Revolução Socialista e ao Comunismo:

1.⁠ ⁠Crítica e combate ao imperialismo e às potências capitalistas dominantes no mundo todo. Nenhuma ilusão com o “socialismo de mercado” chinês ou com possíveis alianças com blocos ou países imperialistas/capitalistas.

2. Compreensão do capitalismo como modo de produção plenamente estabelecido no Brasil, apontando o caráter socialista do processo revolucionário brasileiro. 

3. Caracterização do governo petista Lula-Alckmin como governo a serviço da burguesia a ser denunciado e combatido. 

4. Crítica e combate intransigente às posições reformistas e oportunistas, por serem posições burguesas que manipulam e disputam a classe operária e as classes dominadas.

5. A afirmação da classe operária como classe fundamental e dirigente da revolução, em aliança com os demais explorados e oprimidos comprometidos com a superação do capital, e da necessidade de sua independência e autonomia na luta de classes. 

6. Afirmação da necessidade de apoio, estímulo e participação concreta nas lutas existentes, a partir dos pontos anteriores, para além dos limites da institucionalidade burguesa, buscando articulá-las e desenvolvê-las politicamente com base em nossos princípios comuns. 

7. Buscar construir a mais ampla unidade de ação em torno dos interesses objetivos da classe operária e das classes dominadas na luta contra nossos inimigos de classe.

8. A afirmação do marxismo-leninismo e da perspectiva revolucionária como caminho para a reconstrução do campo proletário em nosso país, pela derrubada do capitalismo e construção do Socialismo, rumo ao Comunismo.

9. A defesa intransigente e a prática do internacionalismo proletário como princípio comunista, o que significa a solidariedade aos povos em luta contra o capital e o imperialismo e a articulação com o campo proletário e comunista internacional.

10. A disposição dos participantes, a partir dos princípios elencados acima, para o debate franco, aberto, honesto e sem sectarismo.

29 de setembro de 2025

Contato: encontrocomunista@protonmail.com

02 setembro 2025

Como Forjar um Partido Bolchevique*

 Ossip Piatnitsky



As formas bolcheviques e social-democratas de organização do Partido

     Até 1905 não houve na Rússia czarista eleições nem campanha eleitoral. Nem os camponeses nem os operários participavam das eleições dos zemstvos ou das municipalidades urbanas. Não possuíam o direito de voto. Depois de 1905, quando, em razão das eleições para a Duma se elaboraram condições especiais para os operários, foram criadas divisões especiais e os operários votavam por empresa e por fábrica.

     Uma situação ilegal de todos os partidos até 1905, uma ausência de campanhas eleitorais e ao mesmo tempo (o qual é essencial) uma posição justa dos bolcheviques na questão da organização do Partido (o recrutamento para o Partido de operários de fábricas e de empresas, a criação de círculos de estudos políticos e gerais, tais foram na Rússia czarista as particularidades da formação do Partido bolchevique. A situação ilegal do Partido bolchevique, além das razões já mencionadas, o impulsionava a criar os grupos do Partido nas empresas, pelo fato de que era mais fácil e cômodo militar. A edificação do Partido começou, pois, nas fábricas e nas empresas. Isso deu brilhantes resultados, tanto nos anos de reação e depois da revolução de fevereiro como, particularmente, no curso da revolução de outubro, em 1917, da guerra civil e da grande construção do socialismo.

     Durante a reação, depois de 1908, quando os comitês locais do Partido e sua direção (o Comitê Central) eram aniquilados periodicamente, nem por isso sua base deixava de se manter firme nas fábricas e empresas. As células do Partido continuavam a ação. Depois da revolução de fevereiro, as eleições dos sovietes de deputados operários também eram realizadas por fábrica e por empresa. É importante destacar que as eleições para as dumas das cidades e bairros e para a Assembleia Constituinte tinham lugar não por empresa, mas por domicílio dos eleitores. Mesmo assim, depois das revoluções de fevereiro e de outubro o Partido bolchevique obteve os mesmos êxitos apesar de não ter organizações de bairro e de concentrar sua agitação nas empresas e nos quartéis. As células, os comitês de zona, e os comitês de cidade fizeram a campanha eleitoral sem constituir organizações especiais para as eleições por bairro. O Partido Bolchevique sempre tinha suas organizações de base no local de trabalho de seus membros.